quarta-feira, 23 de março de 2016

Qual a melhor abordagem no tratamento conservador da escoliose?




À  medida que novas descobertas à respeito da biomecânica da escoliose foram feitas, surgiram também novos olhares, abordagens e técnicas para o tratamento não cirúrgico desta doença. Desde os anos 80 sabe-se que a escoliose é uma deformidade tridimensional, ou seja, acomete os três planos, sendo no plano frontal a inclinação, no sagital a extensão e no transversal a rotação. Desta forma, ao escolher as condutas do protocolo de tratamento é preciso estar atento para garantir que a proposta de exercícios irá contemplar a correção da deformidade também nos três planos, sem negligenciar qualquer um deles. As evidências cientificas mais atuais apontam que um programa de exercícios específicos para escoliose é capaz não só de evitar a progressão da curva, que é o primeiro objetivo do tratamento, mas também é eficaz na diminuição da magnitude da deformidade (Cobb). Um grupo de pesquisa italiano, pertencentes ao ISICO (Instituto cientifico italiano da coluna vertebral) desenvolveu uma abordagem de tratamento chamada SEAS que é a sigla em inglês de Exercícios Científicos no Tratamento da Escoliose. Neste método o paciente aprende a auto-manejar a doença através da auto-correção ativa da deformidade. Esta habilidade é trabalhada e treinada pelo fisioterapeuta e num segundo momento o paciente realiza os exercícios em casa de forma independente. A técnica estimula a consciência corporal, aprimora o controle motor e fornece mobilidade e estabilidade a coluna vertebral. A auto-correção ativa da escoliose foi "testada" por outro grupo de pesquisa, também italiano, e os autores encontraram um desfecho muito satisfatório, com importante diminuição da magnitude da curva (Cobb) e melhora na qualidade de vida. Compreender o raciocínio neurobiomecânico da deformidade faz com que o resultado alcançado seja o melhor. Procure um fisioterapeuta qualificado para fazer seu tratamento. Escoliose: Fique Atento!

Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS  

quarta-feira, 9 de março de 2016

A Escoliose e o uso do colete


A Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) representa 85% do total de casos de escoliose e dentro deste grande número de portadores de EIA 80% são meninas. O tratamento não-cirúrgico consiste na realização de fisioterapia com exercícios específicos para escoliose, que já possuem comprovação cientifica da sua eficiência, e ainda a utilização do colete, que é um tipo de órtese. A indicação de uso do colete ocorre nos casos de curvas entre 20º e 40º Cobb e deve ser usado durante a fase de crescimento, onde o objetivo de sua utilização é prevenir a progressão da curva, que tende a aumentar com o crescimento. O tempo de uso diário do colete varia de acordo com o grau de severidade da curva, a flexibilidade da mesma e ainda o tipo de colete prescrito, podendo ser indicado utilizá-lo até 23 horas por dia. A combinação fisioterapia + colete, tem se mostrado eficaz na redução de curvaturas escolióticas e a abordagem fisioterapêutica pode ainda ajudar na aceitação do colete, através de exercícios que buscam aliviar os pontos de pressão gerados pela órtese. É importante chamar atenção para o impacto psicossocial que o colete pode gerar, tendo em vista que seu uso é indicado durante toda a fase de crescimento perdurando até a maturidade esquelética, ou seja, compreende o período da infância, pré-adolescência e adolescência. No entanto, é necessária compreensão e apoio dos familiares e amigos para tornar ainda mais aceitável esta ferramenta de tratamento, que em muitos casos é fundamental para se obter sucesso nos resultados. Atualmente existem dois tipos principais de colete disponíveis no Brasil, sendo eles o Boston e o Milwaukee. O colete Boston (TLSO) é apropriado para curvas com ápice abaixo de T9, ou seja, curvaturas toracolombares baixas ou lombares. O colete Milwakee (CTLSO) compreende a região cérvico-tóraco-lombo-sacra e é capaz de agir sobre curvas com ápice mais alto. Ao longo do tempo outras tecnologias em termos de coletes foram desenvolvidas como o colete Rigo-Chenêau ou o Sforzesco, ambos capazes de promover grandes correções da curva levando em consideração o aspecto tridimensional da escoliose (http://en.isico.it/scoliosis/the-sforzesco-brace). O colete ortopédico é uma peça chave no tratamento conservador da EIA e quando prescrito corretamente pode otimizar muito os resultados alcançáveis.

Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS