
A avaliação do paciente com escoliose idiopática deve envolver todos os aspectos da deformidade e suas repercussões. Ao longo da última década, muitos avanços intelectuais e tecnológicos, possibilitaram um olhar mais global sobre o processo de avaliação do paciente com escoliose idiopática. De acordo com a SOSORT (Sociedade de Tratamento e Reabilitação Ortopédico da Escoliose) a avaliação clínica é a prioridade de recomendação entre os experts da área para o diagnóstico e acompanhamento dos pacientes. Mas, o que devemos observar durante a avaliação para construir um diagnóstico adequado, quais são as ferramentas disponíveis atualmente e como isso pode interferir nas tomadas de decisão sobre o tratamentos deste pacientes. Durante muito tempo médicos e fisioterapeutas se detinham somente a medida do ângulo de Cobb, que trata-se da medida em graus da inclinação das vértebras no plano frontal, ou seja, visto de frente/costas. O ângulo permite observar somente um plano da deformidade escoliótica e expões os pacientes a doses elevadas de radiação ionizante devido a periodicidade de repetição do Rx. Além de possuir limitações metodológicas e oferecer prejuízos a saúde, a atribuição isolada do status da escoliose ao ângulo de Cobb pode resultar na negligência de alguns componentes fundamentas da deformidade. Uma característica importante das curvas escolióticas é a gibosidade, que é o volume posterior produzido pelas costelas quando as vértebras estão rodadas. A giba, frequentemente é a parte da deformidade que mais incomoda os pacientes, especialmente as meninas, que sentem-se assimétricas em relação as costelas que ficam volumosas na região anterior somente em um dos lados do tronco. O escoliômetro é um equipamento simples, capaz de medir em graus a rotação do tronco, fornecendo uma medida objetiva sobre o plano transversal da deformidade. A topografia de superfície, é um exame relativamente novo no Brasil, que permite reconstruir tridimensionalmente as costas do paciente através de um equipamento de tecnologia avançada. Na imagem fornecida pelo exame, é possível medir diversos parâmetros relativos a escoliose, nos 3 planos da deformidade. O exame é livre de radiação, podendo ser repetido sempre que necessário sem trazer prejuízos a saúde do sujeito avaliado. Existem ainda questionários relacionados a qualidade de vida dos pacientes com escoliose idiopática e escalas ligadas a percepção da aparência do tronco pelo próprio paciente. Todas estas possibilidades podem e devem ser exploradas durante a avaliação do paciente com escoliose idiopática, independente da ferramenta que será escolhida para encontrar os desfechos investigados. A construção de um bom diagnóstico é suportada pelas escolhas na momento da avaliação e darão embasamento para a tomada de decisão sobre as condutas mais adequadas para cada caso.
Escoliose: Fique Atento!
Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano da UFRGS sendo pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC.