quarta-feira, 13 de junho de 2018

JUNHO o mês da conscientização da escoliose


O mês de junho é de fato muito especial... Além da comemoração apaixonada do dia dos namorados e de ser o mês do nascimento da minha filha, junho é ainda o mês de conscientização da escoliose! Falar sobre essa deformidade e esclarecer o que de fato acontece, apontando as possibilidades de tratamento é umas das formas de se trabalhar em prol da "conscientização" sobre a escoliose. Então, vamos lá! A escoliose é uma deformidade da coluna vertebral e do tronco, onde a inclinação da coluna para um dos lados acaba sendo o aspecto mais evidente. Mas, é importante saber que não é "só isso" que acontece numa escoliose, a coluna vertebral se comporta como um espiral e as vértebras acabam fazendo um movimento de rotação juntamente com o tronco. A avaliação da escoliose é complexa e deve ir muitoooooo além do ângulo Cobb, a medida mais famosa a respeito da escoliose. De fato o exame de Rx, onde é medido o ângulo Cobb, permanece sendo o exame principal para diagnóstico e acompanhamento, mas quando o assunto é tratamento conservador a avaliação precisa ser muito mais aprofundada. Avaliar todos os aspectos da deformidade é importante para escolha e eficácia das condutas. Mas afinal o que trata escoliose? Ah, essa é fácil!! Existem sete grande escolas de tratamento conservador para escoliose (Lyon, Schroth, SEAS, BSPTS, Side shift, Dobomed, FITS), todas elas trabalham através de exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose e possuem a famosa evidência científica. Isso quer dizer que já testaram esses métodos com um monte de gente com escoliose e os resultados do tratamento foram bastante satisfatórios. Além do tratamento conservador com fisioterapia específica, temos ainda o uso dos coletes ortopédicos e o tratamento cirúrgico, mas aí já fica mais difícil de argumentar... A qualidade dos coletes disponíveis no Brasil ainda deixa muito a desejar e o custo para confecção fora acaba sendo muito alto. O tratamento cirúrgico está bem recomendado para casos muito específicos e ficar esperando o paciente piorar até que esteja "bom" para operar é sem dúvida a pior alternativa...sem falar no aspecto ético. Resumindo: Se liga na escoliose! Ela é silenciosa e precisa ser levada a sério. Tratamento conservador é uma excelente alternativa, porém deve ser feito por um profissional capacitado para tanto. Escoliose: Fique atento!

Isis Navarro é fisioterapeuta especialista em escoliose pelo Método SEAS, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano da UFRGS sendo pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC.
    

sexta-feira, 13 de abril de 2018

Tratamento conservador ou cirúrgico? Entenda o que é importante saber para embasar essa decisão.



A escoliose idiopática pode evoluir de forma muito agressiva, aumentando rapidamente sua magnitude (em graus) em pouco tempo. Usualmente, uma piora acentuada tende a acontecer durante os períodos de “estirão de crescimento” e a deformidade da coluna vertebral pode acabar desequilibrando outras estruturas como ombros, cintura e pelve. Encontramos na literatura a indicação de tratamento conservador somente para curvas de até 50° cobb, mas o que determina este ponto de corte? Vamos esclarecer algumas coisinhas... Quando nos deparamos com um paciente que possui uma curva escoliótica de até 30°, o tratamento conservador feito através da combinação de exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose e a utilização de colete ortopédico, tem como principal objetivo diminuir a magnitude da curva tanto quanto seja possível. Quando encontramos curvas entre 30° e 50° a estratégia de tratamento é a mesma, mas nestes casos, o principal objetivo do tratamento é manter a magnitude da curva abaixo de 50°. Nos casos de curvas acima de 50º passamos a ter indicação de tratamento cirúrgico, mas você já se perguntou por quê? A explicação está ligada a chance de progressão da curva após o termino do crescimento. Quando encerramos o crescimento, o que acontece nas meninas lá pelos 15-16 anos e nos meninos lá pelos 16-17 anos, o potencial de piora da curva escoliótica cai praticamente a zero naqueles casos onde a curva não atingiu 30º. Nos casos de curvas entre 30º e 50º a chance de piora é pequena, porém existe e nos casos de curvas acima de 50º vai potencialmente haver uma piora, ou seja um aumento da magnitude da curva, de cerca de 1º por ano, durante toda a vida. Este fato justifica a necessidade de uma intervenção cirúrgica para o tratamento da deformidade. Mas, e se a vontade do paciente for de não operar? É possível tomar essa decisão? Bom, sempre existe a possibilidade de tentar estabilizar a curva, ou seja, mante-la igual, através de tratamento conservador. Nestes casos, o tratamento seguirá as mesmas diretrizes e terá como objetivo principal impedir o avanço da curva, mantendo a coluna vertebral estável, mesmo que em deformação escoliótica. Vale lembrar que não é qualquer tipo de fisioterapia que trata a escoliose, muito menos esportes, como natação por exemplo. Hoje os métodos que possuem evidência científica no tratamento conservador da escoliose idiopática, são baseados em exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose e dentre eles está o método SEAS (Scientific Exercises Approach to Scoliosis). Podemos encontrar estudos mostrando que pacientes submetidos ao tratamento conservador, através do método SEAS, tendem a se manter estáveis após o término do crescimento, mesmo nos casos de curvas severas, com magnitudes acima de 50º. Fatores como a localização da curva, idade do paciente e, nas meninas, a data da menarca, também devem ser levados em consideração na escolha do tratamento. Escoliose: Fique Atento!

Isis Navarro é fisioterapeuta especialista em escoliose pelo Método SEAS, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano da UFRGS, sendo pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC. 

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018

Será que meu filho tem escoliose?


Em ritmo de volta às aulas, neste post vou falar porque meu consultório sempre fica mais movimentado no início do ano letivo, ou seja, após as férias de verão. A cada ano fica mais evidente que, nos meses de março, abril e maio, meu consultório costuma ficar muito mais movimento, devido a uma grande demanda de pacientes novos. Mas você tem ideia do motivo para o grande aumento da procura por uma fisioterapeuta especialista em escoliose, justamente neste período? Não? Então eu vou te contar... 
É no verão que os adolescentes ficam mais despidos perto dos pais, gente sem tabus, a gurizada nesta idade, no auge da puberdade não curte mais tomar banho ou trocar de roupa na frente dos pais, o que muitas vezes acaba sendo um ótimo território para escoliose. Calma, vou explicar melhor. A escoliose idiopática é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral e do tronco, ela costuma aparecer durante as fases de crescimento mais acelerado e o maior número de casos é visto entre os 10 e 13 anos. É justamente nesta faixa etária que muitas mudanças acontecem no corpo, geradas pela maturação hormonal que se inicia aí. O problema é que junto com as mudanças físicas vem as comportamentais, que acabam deixando os adolescentes mais "tímidos" em relação ao seu corpo diante dos pais. Neste cenário é comum que durante as férias de verão os pais acabem vendo mais claramente o corpo dos seus filhos e é ai que algumas surpresas indesejadas podem ser reveladas. Todos os anos recebo muitos casos de pacientes com escolioses recém diagnosticadas, porém já muito graves. É comum chegarem casos de pacientes que vem para avaliação fisioterapêutica já com indicação cirúrgica. Por isso é fundamental que seja feita uma triagem e ela pode ser feita até mesmo pelos pais. O diagnóstico precoce garante melhores resultados no tratamento conservador e ajudam a evitar o tratamento cirúrgico. Portanto, se você ainda não deu uma boa olhada na coluna do seu filho, ou se ainda não observou se ele tem alguma assimetria nos ombros ou na cintura, faça isso hoje! Se identificares algum sinal de assimetria na coluna vertebral ou no tronco, procure já um profissional capacitado para conduzir o tratamento ou acompanhamento do seu filho. Tem posts antigos aqui no blog falando um pouco mais sobre quais são os sinais da escoliose e quais são as possibilidades de tratamento. Vale lembrar mais uma vez que natação NÃO trata escoliose. Diagnóstico precoce vale ouro diante de um caso de escoliose! Procure alguém que entenda do assunto. Busque mais de uma opinião se a coisa ficar feia! E não esqueçam Escoliose: Fique Atento!     



Isis Navarro é fisioterapeuta especialista em escoliose pelo Método SEAS, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano da UFRGS sendo pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC.