A escoliose idiopática pode evoluir de forma muito agressiva, aumentando rapidamente sua magnitude (em graus) em pouco tempo. Usualmente, uma piora acentuada tende a acontecer durante os períodos de “estirão de crescimento” e a deformidade da coluna vertebral pode acabar desequilibrando outras estruturas como ombros, cintura e pelve. Encontramos na literatura a indicação de tratamento conservador somente para curvas de até 50° cobb, mas o que determina este ponto de corte? Vamos esclarecer algumas coisinhas... Quando nos deparamos com um paciente que possui uma curva escoliótica de até 30°, o tratamento conservador feito através da combinação de exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose e a utilização de colete ortopédico, tem como principal objetivo diminuir a magnitude da curva tanto quanto seja possível. Quando encontramos curvas entre 30° e 50° a estratégia de tratamento é a mesma, mas nestes casos, o principal objetivo do tratamento é manter a magnitude da curva abaixo de 50°. Nos casos de curvas acima de 50º passamos a ter indicação de tratamento cirúrgico, mas você já se perguntou por quê? A explicação está ligada a chance de progressão da curva após o termino do crescimento. Quando encerramos o crescimento, o que acontece nas meninas lá pelos 15-16 anos e nos meninos lá pelos 16-17 anos, o potencial de piora da curva escoliótica cai praticamente a zero naqueles casos onde a curva não atingiu 30º. Nos casos de curvas entre 30º e 50º a chance de piora é pequena, porém existe e nos casos de curvas acima de 50º vai potencialmente haver uma piora, ou seja um aumento da magnitude da curva, de cerca de 1º por ano, durante toda a vida. Este fato justifica a necessidade de uma intervenção cirúrgica para o tratamento da deformidade. Mas, e se a vontade do paciente for de não operar? É possível tomar essa decisão? Bom, sempre existe a possibilidade de tentar estabilizar a curva, ou seja, mante-la igual, através de tratamento conservador. Nestes casos, o tratamento seguirá as mesmas diretrizes e terá como objetivo principal impedir o avanço da curva, mantendo a coluna vertebral estável, mesmo que em deformação escoliótica. Vale lembrar que não é qualquer tipo de fisioterapia que trata a escoliose, muito menos esportes, como natação por exemplo. Hoje os métodos que possuem evidência científica no tratamento conservador da escoliose idiopática, são baseados em exercícios fisioterapêuticos específicos para escoliose e dentre eles está o método SEAS (Scientific Exercises Approach to Scoliosis). Podemos encontrar estudos mostrando que pacientes submetidos ao tratamento conservador, através do método SEAS, tendem a se manter estáveis após o término do crescimento, mesmo nos casos de curvas severas, com magnitudes acima de 50º. Fatores como a localização da curva, idade do paciente e, nas meninas, a data da menarca, também devem ser levados em consideração na escolha do tratamento. Escoliose: Fique Atento!
Isis Navarro é fisioterapeuta especialista em escoliose pelo Método SEAS, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e Mestranda do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano da UFRGS, sendo pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC.
