quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

A importância do diagnóstico precoce


Tendo em vista que 25% dos casos de escoliose idiopática acabam em tratamento cirúrgico, o diagnóstico precoce se tornou um importante aliado no combate a esta doença. Usualmente o acompanhamento é feito pelo pediatra, que deve incluir nos seus exames de rotina atenção ao alinhamento da coluna vertebral das crianças. Entretanto, os adolescentes não costumam visitar o médico com tanta frequência e a identificação de alguma patologia musculoesquelética pode acabar sendo negligenciada. 
Uma alternativa para intensificar os cuidados com a saúde postural é a triagem escolar, através de uma avaliação postural com exames simples capazes de direcionar aqueles que apresentam sinais e sintomas da doença para um acompanhamento especializado. Em algumas regiões do Brasil este sistema já está sendo proposto e ainda aguarda análise, mas infelizmente, não é o caso de Porto Alegre. 
O olhar atento dos pais é fundamental para otimizar o diagnóstico precoce, pois em muitos casos os pais procuram ajuda médica ou fisioterapêutica após observarem assimetrias no equilíbrio corporal de seus filhos. A doença é silenciosa, pois dificilmente apresenta a dor como sintoma inicial, o que pode fazer com que ela passe desapercebida muitas vezes. É importante salientar que inicialmente o tratamento conservador visa interromper a progressão da curva, garantindo estabilidade a coluna vertebral e posteriormente o objetivo é reduzir a magnitude da curvatura. 
As alterações da coluna e do tronco causadas pela escoliose podem ainda ter um grande apelo estético e desta forma, agem influenciando negativamente na vida dos seus portadores, em relação a auto-estima, por exemplo, principalmente no período da adolescência. Quanto mais cedo a escoliose idiopática for diagnostica melhores serão os resultados obtidos com o tratamento.


Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Quais são os componentes da escoliose?

A escoliose idiopática do adolescente é uma deformidade tridimensional da coluna vertebral e do tronco. É importante estar atento à tridimensionalidade da escoliose, explorando as alterações que acontecem em cada plano.

O plano frontal é aquele em que observamos o individuo de frente e de costas, neste plano a escoliose apresenta sua inclinação lateral. Seu acompanhamento, é feito por exame de Raios- X panorâmico, realizado sempre em ortostase (em pé). Esta alteração é medida em graus através de um ângulo chamado ângulo de Cobb. A magnitude desta angulação vai determinar a severidade da curva. É também neste plano que as assimetrias geradas pela escoliose se tornam mais perceptíveis, em muitos casos os pais observam diferenças no contorno da cintura, estando um lado mais fechado que o outro. 

No plano sagital, onde observamos o indivíduo de perfil, devemos  examinar as curvaturas sagitais fisiológicas da coluna vertebral. As curvas normais são: lordose na região cervical (pescoço), cifose na região torácica (onde temos as costelas) e outra lordose na região lombar (parte final das costas). Nos casos de escoliose é frequente encontrarmos uma diminuição da cifose torácica, essa alteração é chamada de retificação, e precisa de atenção tanto no diagnóstico postural, quanto no tratamento.

O plano transversal é aquele em observamos o indivíduo de cima, examinando as rotações dos segmentos. Quando a coluna é acometida pela escoliose, as vértebras envolvidas fazem uma rotação, esta alteração pode ser classificada em 4 estágios e/ou, pode ainda, ser mensurada em graus. Este é o componente da escoliose mais difícil de ser tratado, pois envolve a ativação da musculatura profunda da coluna. É importantíssimo avaliar, acompanhar e tratar esta alteração, tendo em vista que está intimamente ligada a magnitude da severidade da curva e aos prejuízos estéticos causados pela doença.

Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Escoliose tem tratamento?

Semana passada falamos sobre os sinais aos quais os pais devem estar atentos para identificar a possibilidade de uma escoliose. Certo, e depois de se confirmar o diagnóstico, como devemos agir? Qual profissional procurar? Quais formas de tratamento? Quais os resultados alcançáveis? 

Vamos lá,

O tratamento da escoliose idiopática pode ser conduzido de duas maneiras: Tratamento conservador e Tratamento cirúrgico. 

Tratamento conservador

Em geral este tipo de tratamento é indicado para portadores de curvas menores de 40º, mas cada paciente deve ser examinado detalhadamente. O profissional que conduz esta forma de tratamento é o fisioterapeuta, ele é capaz de avaliar e prescrever adequadamente exercícios fisioterapêuticos para cada caso. A auto-correção ativa e os exercícios específicos para escoliose são os mais recomendados a serem adotados como conduta, pois já existe evidência cientifica a respeito dos efeitos desta abordagem como sendo capaz de reduzir a magnitude da curvatura escoliótica e/ou estabilizá-la.
As órteses como os coletes são indicadas para curvas maiores que 20º e são utilizadas para evitar a progressão da curva. A adaptação ao seu uso e até mesmo exercícios a serem feitos com a órtese, também são de responsabilidade do fisioterapeuta. A prescrição é feita pelo médico ou pelo fisioterapeuta.

Tratamento cirúrgico

Esta abordagem é conduzida pelo médico ortopedista e é indicada nos casos em que a curva é maior de 40-45º. Normalmente o procedimento cirúrgico envolve uma artrodese das vértebras, que significa fixar o segmento vertebral que está desalinhado em uma posição vertical através de haste e parafusos. O segmento fixado ganho um melhor alinhamento, porém perde completamente o a mobilidade e os movimentos. É importante considerar que, em alguns casos, a cirurgia é feita no início ou durante a fase de crescimento e que com o passar do tempo, com o crescimento ósseo, será preciso re-intervir.

Levando em consideração os riscos e prejuízos da abordagem cirúrgica, o tratamento conservador deve ser sempre cogitado e para se alcançar um melhor resultado o diagnóstico precoce é fundamental. 

Isis Navarro é fisioterapeuta, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O que os pais precisam saber sobre a escoliose?

Assim como a progressão do ano escolar, a tendência é que as escolas desenvolvam uma triagem em seus alunos. Aqui temos alguns pontos importantes que você precisa saber sobre a escoliose para reconhecer os sinais desta doença. Escoliose é um termo que descreve qualquer anormalidade da coluna vertebral lateralmente. Quando vista de costas, a coluna deve ser reta/alinhada, quando ocorre uma escoliose a coluna se curva para um dos lados e esta alteração vem acompanhada de uma rotação e extensão das vértebras acometidas.
A forma mais comum de escoliose é a escoliose idiopática, que ocorre em aproximadamente 2% da população mundial. O Termo idiopático significa que não há uma causa conhecida que gera ou desencadeia a doença. Esta forma de escoliose, que é a mais comum, raramente é sintomática, o que dificulta o seu diagnóstico. No entanto, uma vez detectada ela deve ser monitorada por um profissional capacitado e o paciente deve ser orientado sobre os cuidados com o posicionamento nas atividades de vida diária e ainda exercícios de correção e manutenção.
O esqueleto da criança e do adolescente ainda está em crescimento e existe uma chance razoável da curvatura escoliótica da coluna piorar durante o período de crescimento. Nestes casos, o tratamento da escoliose torna-se aconselhável. A escoliose não é causada por exercícios, esportes, levantamento de peso ou a posição de dormir.
Escolioses diagnosticadas até os três anos de idade são chamadas de escoliose idiopática infantil, dos três aos dez anos escoliose idiopática juvenil e a partir dos dez anos escoliose idiopática do adolescente.
A escoliose ocorre tipicamente entre os dez e 18 anos e é normalmente “pega” nas triagens escolares ou nas visitas ao pediatra. O problema é que não temos esta triagem incorporada ao nosso sistema educacional, como no exterior. Portanto, os cuidados em casa devem procurar pistas como: curvaturas laterais da coluna, desnível dos ombros, uma escápula mais proeminente que a outra ou um quadril mais alto que outro.
Uma vez detectada a escoliose, o exame padrão ouro para diagnóstico e acompanhamento é o exame de Raios-X panorâmico que fornece o ângulo Cobb para quantificar em graus a magnitude da curva. Curvaturas a baixo de 20° precisam de acompanhamento e tratamento conservador (fisioterapia especializada), curvas entre 20° e 40° precisam de tratamento conservador e tem indicação a utilização de coletes (órteses) para estabilização e as curvas acima de 40° necessitam também de tratamento conservador e colete e podem ter indicação cirúrgica.
Se você desconfia que seu filho pode estar desenvolvendo uma escoliose procure um fisioterapeuta ou médico para realizar uma avaliação específica.
Texto adaptado pela fisioterapeuta Isis Navarro, Sócia do Consultório de Fisioterapia e Pilates (https://goo.gl/yJAGh6) e aluna especial do Mestrado do Programa de Pós Graduação em Ciência do Movimento Humano e pesquisadora convidada do grupo de pesquisa BIOMEC/UFRGS